.:: Meu filho tem problemas de audição. E agora?

Autora: Lia Branth Brito
Data do artigo: Abril de 2001
Instituição de Ensino: UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Este é um folder explicativo destinado a pais de crianças surdas. Neste, são dadas as orientações básicas de como os pais que:
  • desconfiam que seus filhos possam estar com algum problema auditivo
  • acabaram de receber esse diagnóstico
  • seu filho está iniciando a terapia fonoaudiológica
  • seu filho já está em terapia.

A audição é muito importante para que Uma criança possa falar (comunicar-se oralmente, através da voz). Se ela não ouve, terá dificuldades na fala e também na linguagem.


Se você percebeu que seu filho não escuta sua voz, não se assusta com barulhos altos, está com a fala atrasada em relação às outras crianças da mesma idade, a primeira providência a tomar é procurar um Fonoaudiólogo para a verificar se ele tem problemas audtivos, através de exames específicos da audição e para esclarecer suas dúvidas quanto ao desenvolvimento do seu filho.
Os exames vão mostrar o grau da perda auditiva (porque existem perdas leves até profundas e são raros os casos de surdez total) para ser adaptado o aparelho auditivo que ele necessita. É necessário procurar o fonoaudiólogo o mais rápido possível para, o quanto antes, iniciar a adaptação do aparelho e a terapia de reabilitação e estimulação da audição, já que o aparelho não é um ouvido novo e esse som, de início, é estranho para a criança, já que nunca o ouviu. Quanto mais cedo a colocação dos aparelhos e o início da terapia, mais rápido será sua adaptação e o desenvolvimento da fala.



Importância da Família...


Não podemos pensar "meu filho colocou aparelhos, agora, ele ouve". Não. Ele necessitará de estimulação auditiva em terapia mas, principalmente, em casa. A família pode chamar a atenção para os sons, por exemplo, um liquidificador ligado, um avião que passa, uma porta que bate, a televisão ligada, um cachorro latindo, entre outros. A família deve conversar com a criança sobre qualquer assunto, mesmo que ela não os entenda, no início, nem responda, como os outros filhos entendem e conversam. A criança deverá estar usando os aparelhos o tempo todo, não só em terapia, para fixar a atenção nos novos sons que será capaz de ouvir (a voz da mãe, brincar com os amiguinhos). A terapia fonoaudiológica será apenas um complemento para toda a "terapia" que é feita em casa. Se a criança estiver sem os aparelhos vai deixar de ouvir todos esses sons e seu atraso será maior, necessitando de mais tempo de terapia.


Importância da Terapia Fonoaudiológica

Os pais poderão optar por 3 tipos de atuação diferentes na educação do seu filho:
1. Oralismo: O fonoaudiólogo ensina a Língua Oral (Português) e não permite o uso de gestos ou da Língua de Sinais para auxiliar a comunicação.
2. Comunicação Total: O fonoaudiólogo ensina a Língua Oral (Português), porém, pode utilizar e aconselha os pais a utilizarem qualquer sinal, gesto, expressão facial, quantos meios forem necessários para se comunicar com a criança.
3. Bilingüismo: O fonoaudiólogo ensina a Língua Oral (Português) e um professor surdo a Língua de Sinais, que também deverá ser aprendida pela família.


Importância da Língua de Sinais

Dependendo do grau da surdez, a dificuldade em aprender a Língua Oral aumenta. A Língua de Sinais dá a oportunidade de comunicação ideal, já que é uma língua que precisa apenas da visão, que, nessas crianças, não está afetada.
1. É uma Língua que a criança surda aprende naturalmente, muito mais rápido que a Língua Oral.
2. Controla melhor seu comportamento, diminuindo a agitação e a agressividade.
3. A Língua de Sinais favorece o aprendizado da Língua Oral.
4. Os pais poderão conversar com seu filho surdo sobre qualquer assunto na Língua de Sinais; isso levará mais tempo para acontecer se quiser usar a Língua Oral.


Dicas para lidar com o seu filho

1. Não restringir a comunicação a "você está com fome?" ou "o que você quer beber?" ou "aonde dói?" mas, conversar sobre a escola, os amiguinhos, a Tia, os deveres de casa, sobre qualquer coisa, mesmo que no início seja difícil a compreensão. Por isso é tão importante e essencial que a família aprenda a Língua de Sinais, para que essa comunicação não seja "básica".

2. Quando fizer alguma pergunta, não espere resposta da criança. A mãe deve perguntar e responder, assim como se conversa com bebês.

3. Dar limites. Não ter pena porque a criança é surda. Porém, como qualquer outra criança, necessita de carinho e atenção.

4. Não bata em seu filho! Além de não ajudar em nada, a criança pode imitar a atitude dos pais e se tornar agressiva.

5. Não estresse a criança nem exija comportamento de adulto. A criança dever ser sempre tratada como criança, recebendo a maior quantidade possível de informações.
Ex.: Quando precisar ir ao médico, é bom levar alguns brinquedos para se distrair, pois crianças não conseguem ficar sentadas por muito tempo, esperando a fila de um médico. É bom que a mãe brinque e distraia a criança o tempo todo.

6. Como qualquer outra criança, deve-se sempre dizer para onde estão indo e o que farão, ao saírem de casa para alguma atividade; além de situar a criança em seu mundo, é uma forma de conversar com ela, dar carinho e atenção.

 

A Fonoaudiologia, sobretudo, não visa apenas o estímulo da audição para um bom desenvolvimento da fala e da linguagem, mas sim, que a criança surda possa inserir-se na sociedade da forma mais natural possível, tentando minimizar os prejuízos causados pela falta de audição.

 

           
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